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Mostrando postagens de maio, 2011

Dois minutos e silêncio

Em poucos dias juntos em rotações orbitais, nunca tantas palavras haviam sido antes publicadas. Mas a cada palavra que escrevia, meia dúzia se sufocava na garganta, presa pela falta de tempo, disposição ou coragem. As engrenagens precisavam de óleo outra vez, mas hesitava ao pensar nas arengas que diria assim que pudesse. Os minutos corriam ao contrário, as horas de seu dia decresciam, e tudo parecia uma sinestesia louca de sabores metálicos e aromas salobros. Não confiava nem mais em seus sentidos, e tampouco lhes dava razão alguma para confiarem nela. O último passatempo preferido era ludibriá-los em cada vão sorriso, nos dentes que se abriam para quem não sabia de sua hostilidade. Seus sentidos, esses acreditaram por várias vezes, cozinharam esperança, inflamaram o corpo todo. Doeram de saudades. Mas as letras só voltaram para provar que era melhor ficar calada.