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Mostrando postagens de setembro, 2010

Céu de Brigadeiro

As grades que se fechavam em minha liberdade já se afastaram, inibidas. Levaram consigo meu medo de que houvesse, numa das intempéries malucas da vida, afastado-me da única porta rumo ao paraíso. Já não acho que haja apenas uma entrada, mas também não tenho certeza de que quero entrar. Ou de que já não estou lá. Pois veja tamanha tranquilidade que se apodera de mim. Hoje, sem futuro e com um passado do qual me esqueço, não sou ninguém. E ser ninguém é supremo. É o outro extremo do verbo, a completa ausência instalada no dia-a-dia. Troquei minhas responsabilidades por pesos menores, deixei algumas preocupações para trás. Decidi-me pela indecisão, mãe de todas as encruzilhadas. Permito-me assim abranger tudo, deixando no horizonte o brilho do potencial. Não mais busco ser alguém, pois hoje não sou. E tudo o que sou me deixa em paz. Certa de ter cumprido o que me propus e honrado meus princípios, sei que posso me preparar para qualquer batalha vindoura, pois hoje o céu está limpo e a lua

Que serait?

Das bordas do Aconcágua, ele me disse oi. Contou suas histórias, me chamou de gracinha, mais uma vez, em francês. Não bastou muito para voltarem todas as lembranças do que parecera outra vida. Fiquei revendo uma por uma, saboreando cada instante com a preguiçosa delicadeza de quem passou o dia sonhando acordada. E bastou menos ainda para que percebesse, como o estalo de uma folha seca ao se impor contra a sola batida, o impacto que grandes encontros causam nas decisões da borboleta. Mais que teoria do caos, veio para ordenar minha vida. Fico agora pensando no que será de tudo no próximo encontro.

Dos títulos da guerra

A vida ultimamente tem sido um circo. Mas daqueles de batalha. Tento, em vão, carregar-me das melhores armas disponíveis, sabendo que não estarão ali quando eu delas precisar. Mas preparar-me faz bem, anima a disposição, regula o intestino. Sinto que serei útil em breve. Útil para mim mesma, é verdade. Mas são pouquíssimos os sortudos que conseguem isso. Meu mês voa. O tempo dança com saudades de mim. Só que estou ausente. Angariando fundos para o confronto. Pesquisando táticas, estratégias, alternativas e, como em toda guerra, rotas de fuga. Fugir não é apenas sair correndo para longe do inimigo. É ficar, face serena e olhos calmos, observando a vitória do outro. E aceitar a nomeação que se impuser.