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Mostrando postagens de novembro, 2010

Um mergulho da alma

Depois de um maravilhoso dia de sono, desperto com a alegria renovada de quem cumpriu seu dever. Abro as janelas para respirar o ar fresco de um fim de tarde. O sol ainda brilha tênue no horizonte enquanto pego uma calcinha limpa e uma regata e atravesso o quarto até chegar no banheiro. Esqueço a porta aberta, mas não há ninguém em casa. Desço as calças do pijama, que deslizam pelas pernas como cetim e logo caem ao chão. A calcinha é a próxima, e tem o mesmo destino da blusa. Passo uma escova pelas mechas revoltosas do cabelo, tirando os nós do travesseiro agitado de sonhos. Vou até o boxe e me aventuro com a ponta do pé no mármore gelado. A temperatura sobe em calafrios pelos dedos, tornozelo e perna. Estico a mão e abro o chuveiro. Bem pouco, só um filetinho de água fervente. O choque térmico me preenche com uma sensação de prazer infantil. Sei que posso mais. Continuo a virar a válvula e a água cai num jorro pesado de gotas translúcidas. Passo o outro pé para dentro do boxe, e me a

Questão de Perspectiva

Cada hora que passa, é mais por que te esperar. Prometo não reclamar de dois dias perdidos, das noites despertas, das manhãs cansativas e recompensantes. Nada disso faz sentido quando lembro do teu hálito fresco junto ao meu, das bobagens que insistes em dizer e das guerras de cócegas que dominam o colchão. Não encontro sobriedade na íris de teus olhos, e nem a quero: ando tomada pelos desejos insanos que acometem os incautos de tempos em tempos. Quando levantas da cama procurando pela água que já traguei, morta de sede enquanto tu não vias, sei que vou me encontrar nos vincos de teu rosto a sorrir comigo. Teus pés vão me levar para a cozinha, na busca noturna por sustento, e a minha mão é que abrirá a geladeira para pegar a última mousse de chocolate. Ficarei a te observar, sereno, a esvaziar num átimo a taça de vidro, pedindo com as covinhas, tal criança mimada, por mais. O furinho no teu queixo assim franzido me traz lembranças dos beijos que ainda te devo. Da aposta que perdi no