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Mostrando postagens de agosto, 2008

Dois minutos no metrô

Ventava, mas seus cabelos não se mexiam. Ela estava sozinha, única passageira para Zona Sul, meia-noite de sábado. Talvez Zona Sul fosse mais baladeira, ficasse até mais tarde pelas ruas. Ou o contrário, não se desse ao luxo de sair até tais horas. Mas aqui, do outro lado, Zona Norte, havia mais. Três pessoas estranhas sentadas, uma família com traços indígeno-paraibanos, uma mulher estafada e dois homens tontos de trabalho, de cerveja, fartos. Aqui os cabelos se mexiam. Os cachos invadiam os olhos, faziam propagandas urbanas de xampu, ficavam louros, vermelhos, negros. E lá, nada. Enquanto seu trem não chegava, ela cada vez mais se acoplava à paisagem. A meia-calça verde incrivelmente pendia à tonalidade herbal das paredes, e a saia jeans, coberta pela bolsa giz, não podia combinar mais com as cadeiras também brancas. Ajeitava seu lenço no pescoço, olhava à sua direita. Era como se não existisse mundo a sua frente. Ela queria o trem, olhava por ele, voltava e tombava a cabeça. Quem sa