Tempor(ão/al)
E não é que ele despertou nela o desejo de mais um dia?
Ele, o homem das contradições. Tanto dizquesim-dizquenão, talvez fosse mesmo pra deixá-la entusiasmada. Correu com o café, passou-lhe a geléia. Um sorriso lambuzado veio em agradecimento. Como era bom observá-lo ali, escondido pelas folhas do jornal molhado! Uma maçã distraída mergulhava em sua boca. E esta repassava as últimas horas: as fileiras no supermercado, o paliteiro do bar, a macarronada com azeitonas que só ele sabia fazer; o filme dorminhoco, a dor nas costas do sofá; e, por fim, lembrou-lhe a água que caíra à noite, trazendo consigo a insônia. Não que houvesse sido uma noite ruim. Pelo contrário, fora o melhor ontem de sua vida.
Ele, o homem das contradições. Tanto dizquesim-dizquenão, talvez fosse mesmo pra deixá-la entusiasmada. Correu com o café, passou-lhe a geléia. Um sorriso lambuzado veio em agradecimento. Como era bom observá-lo ali, escondido pelas folhas do jornal molhado! Uma maçã distraída mergulhava em sua boca. E esta repassava as últimas horas: as fileiras no supermercado, o paliteiro do bar, a macarronada com azeitonas que só ele sabia fazer; o filme dorminhoco, a dor nas costas do sofá; e, por fim, lembrou-lhe a água que caíra à noite, trazendo consigo a insônia. Não que houvesse sido uma noite ruim. Pelo contrário, fora o melhor ontem de sua vida.