Por um fio

Um único fio é capaz de se enrolar quantas vezes? De dar quantas voltas, de se ajeitar em quantas maneiras? Há de se arrumar um jeito de contá-las! Escrevê-las, catalogá-las, politizá-las. Polemizá-las. Pelomenisá-las. De que é feito um fio? As saliências da sacarose muitas vezes não batem com as do amido, então que fazer? Um rato ainda é um rato, se perde seus dedos. É ainda melhor que muitos ratos. Que têm rabos tão compridos como fios. Que comem amido. Que deglutem a vida canto por canto, do mais cremoso ao enrijecido pelo tempo. O tempo clima, ou o tempo hora? Como separá-los? Uma ampulheta varia seu tempo se seco ou se úmido, ou os minutos que variam o clima conforme passam? Quem marca o quê? Há um fio em tudo. Um fio de areia, talvez. Mas um fio. Enrolado ou não, é fio. Plausível de perder-se da meada, da toada, da patacoada. Um fio que afina a voz conforme engrossa. Que tem medo da sua coragem. Esse fio come o que lhe cabe, sem muito questionar. Se lhe é leve, dorme ligeiro, profundo, espreitando os horizontes ao redor. Pois que fio não dorme. Nem quando dorme. Já viu ponta de fio? Fio que se preze é igual reta matemática, sem começo nem fim. Ainda falta esse conceito aos livros escolares. As crianças que me perdoem, mas o fio é fundamental.

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