No papel

Era uma tarde chuvosa, bonita. Asas coloridas borboleteavam por reflexos rubros do líquido que escorria pelo metal. O sol ardia na fétida fumaça esmeralda que fumegava no bueiro, e a caneta testemunhava o sushi do outro lado do mundo, o desfile em Milão, a casa de massagens tailandesa, o pianista grego e as crianças no jardim-porão austríaco. O sino, por sua vez, igrejava a tensão da noite que chegava, trazendo o sul de volta a seu norte. Em um desenho.

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