Rendição

Como é difícil amar um homem! Ao acordar, a falta do abraço, do rosto cansado, da pele áspera e tão, mas tão macia. Tudo me faz delirar. Toca uma música em algum lugar, vejo um filme, passa uma cena na televisão. Leio teu livro. E esse amor estranho me faz querer dividir tudo. Tudo o que antes, ah, antes era só meu. E fico confusa, sem saber o que fazer, como não ser chata ou irritante, ausente ou presente demais. Como matar todo o ciúme primitivo que acaba com as paixões. Das paixões, aliás, como manter o desejo vivo, num mar de estranhas doenças?

Sinto a vida passar, e eu passo. Sem urgência, mas passo. E como é engraçado perceber que ainda não sei amar. Talvez Carson tivesse mesmo razão, pelo menos em algo. Da próxima vez, amo primeiro uma árvore. Um rochedo. Uma nuvem.

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