Mais café!

Oi, estranha. Podia começar com o clichê você-vem-sempre-aqui, mas parece que já estavas aqui há um tempo. Eu é que não percebi. Tantos rostos comuns, bocas retocadas, íris coloridas detrás de lentes escuras e peles recobertas pelo bronzeado do sol. Fica difícil perceber o novo. Mas a vida é mesmo assim, de repente se impõe na frente de tudo e as coisas se esclarecem à força, ainda que prazerosamente. Mas me perdoa. Deixa eu começar de novo. Ontem peguei um café com dois torrões de açúcar e muita geleia de morango na torrada, e resolvi sentar diante do mundo em dezessete polegadas e percorrer moradas onde não me encontro mais. E qual não foi a surpresa quando me encontrei onde nunca havia morado, nos recantos sinuosos do enlevo da tua boca, agraciada por fundas covinhas ao redor, cuja gravidade na mesma hora me acertou. Meus olhos se encantaram pelo que viam, brilhando no redemoinho de afinidades com que me deparava. Desconfiei daquilo, pisquei três vezes para desembotar a visão, mas tu não me fugias. Continuavas ali, bela e sorridente, a me desafiar os brios e a sanidade. Moral, ética, bons costumes, que se dane o mundo, preciso mesmo é saber de ti. Conta-me da tua vida. Dos teus passos. Dos teus erros e acertos. Dos nossos planos pro futuro. O quanto antes, melhor. Mas, se precisar, espero uma década.

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